Cura pela Mãe Terra
"Fechei o círculo colocando os quatro elementos nas devidas direções. Uma foto do Fabiano, outra imagem do mestre pena branca. Iemanjá junto à água. Os gatos me olhavam como se soubessem, como se esperassem. Acendi a vela, e queimei a salvia. Meu tambor, a maraca. Tudo pronto. O primeiro toque do tambor soou muito alto, era a força da minha alma determinada a fazer parte da cura pela mãe terra. Impossibilitada de ir na cerimônia dos 8 mil tambores pela Terra, devido à prova da pós graduação, fiquei em casa para realizar o ritual sozinha. Havia a preocupação se ia conseguir chegar meio em dia casa, pois a prova começaria às 10:30. Fiz em uma hora as cinco questões que sincronicamente se tratava de cultura e espiritualidade. As respostas fluíram de mim de um lugar além do que eu havia estudado. Dez minutos para às 12 cheguei. Os toques seguintes do tambor soaram dentro de mim no som do coração, veio um canto lakota e depois outro e mais outro. Vieram na minha mente Tezka e Adriana, como dois maestros de uma grande orquestra de tambores. Sabia que estava conectada. Me senti parte de um grande círculo. Vi mais de cem pessoas no espaço Nawii Olinkan em itaipava tocando seus tambores, depois vi ao redor do planeta o soar de muitos e muitos tambores em sintonia com o coração da grande mãe. E além da Terra, vi os mestres iluminados espalmando suas mãos para a Terra. Fabiano estava presente no nosso espaço sagrado. Sabia que onde quer que ele se encontre ele está conectado. Vi os guardiões Huni Kuin, O Leopardo, a Vanessa. Vieram os cantos Huni Kuin e a força da jibóia me arrebatou. Cantei cantos de cura e depois cantos das deusas. A mulher forte compareceu, e me lembrei do círculo da lua nova, oh minhas deusas, que força estamos criando. O círculo já nos leva à unidade, e a mãe terra se cura através de nós. Estar na vida é estar em conexão, quem se desconecta, adoece. Fazer parte da teia cósmica, sentí-la perpassando por si é uma experiência incrível. Foi o que senti, mesmo que sozinha em minha casa, estava amparada pela rede de irmãos e irmãs, aqueles que já conheço e moram no meu coração e aqueles ao redor do mundo que sintonizam a mesma vibração. São estes momentos mágicos que me preenchem de tal forma, que as adversidades da vida, a crise planetária parece ficar tão pequena e distante. Acredito nesta força, no poder transformador, na magia do coração, na sabedoria divina que manifestamos quando nos reunimos em círculo. Abri o círculo cantando Migwet, Kelly e Athamis sempre aparecem nesta hora. Fui para o computador e vi que Kelly havia me respondido, direto do Canadá, ela está feliz de saber que o círculo da lua nova vai recomeçar. Vim escrever estas palavras que não podiam ficar silenciadas. Precisava compartir esta luz, pois acredito que quando compartilhamos, multiplicamos.
Agradeço à vida por ter me colocado neste caminho, agradeço ao Tezka e Adriana por guiarem tão belo encontro, ao pajés Huni Kuin, que curam a Terra através da cura dos seus filhos, ao Fabiano que está levando a medicina de seu povo pro velho continente, pra tão distante de sua floresta e a todos os curadores e curadoras ao redor da nossa amada casa: a Terra.
Hauss hauss hauss Aho aho"
Sílvia Rocha, Raven Star Woman Turtle clan, Ayani Makuany Huni Kuin
Enviado por mim em 21/03/09
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
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